segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Objetivos Educacionais - Parâmetros Curriculares Nacionais


E sobre o Tema Transversal ‘Meio Ambiente’ segue o texto de apresentação do documento.
“São grandes os desafios a enfrentar quando se procura direcionar as ações para a melhoria das condições de vida no mundo. Um deles é relativo à mudança de atitudes na interação com o patrimônio básico para a vida humana: o meio ambiente.Os alunos podem ter nota 10 nas provas, mas, ainda assim, jogar lixo na rua, pescar peixes-fêmeas prontas para reproduzir, atear fogo no mato indiscriminadamente, ou realizar outro tipo de ação danosa, seja por não perceberem a extensão dessas ações ou por não se sentirem responsáveis pelo mundo em que vivem.
Como é possível, dentro das condições concretas da escola, contribuir para que os jovens e adolescentes de hoje percebam e entendam as conseqüências ambientais de suas ações nos locais onde trabalham, jogam bola, enfim, onde vivem?
Como eles podem estar contribuindo para a reconstrução e gestão coletiva de alternativas de produção da subsistência de maneira que minimize os impactos negativos no meio ambiente? Quais os espaços que possibilitam essa participação? Enfim, essas e outras questões estão cada vez mais presentes nas reflexões sobre o trabalho docente.
A problematização e o entendimento das conseqüências de alterações no ambiente permitem compreendê-las como algo produzido pela mão humana, em determinados contextos históricos, e comportam diferentes caminhos de superação. Dessa forma, o debate na escola pode incluir a dimensão política e a perspectiva da busca de soluções para situações como a sobrevivência de pescadores na época da desova dos peixes, a falta de saneamento básico adequado ou as enchentes que tantos danos trazem à população.
A solução dos problemas ambientais tem sido considerada cada vez mais urgente para garantir o futuro da humanidade e depende da relação que se estabelece entre sociedade/natureza, tanto na dimensão coletiva quanto na individual.
Essa consciência já chegou à escola e muitas iniciativas têm sido tomadas em torno dessa questão, por educadores de todo o país. Por essas razões, vê-se a importância de incluir Meio Ambiente nos currículos escolares como tema transversal, permeando toda prática educacional. É fundamental, na sua abordagem, considerar os aspectos físicos e biológicos e, principalmente, os modo de interação do ser humano com a natureza, por meio de suas relações sociais, do trabalho, da ciência, da arte e da tecnologia.
A primeira parte deste documento aborda a questão ambiental a partir de um breve histórico e discorre sobre o reconhecimento da existência de uma crise ambiental que muito se confunde com um questionamento do próprio modelo civilizatório atual, apontando para a necessidade da busca de novos valores e atitudes no relacionamento com o meio em que vivemos. Enfatiza, assim, a urgência da implantação de um trabalho de Educação Ambiental que contemple as questões da vida cotidiana do cidadão e discuta algumas visões polêmicas sobre essa temática.
Nesta primeira parte, ainda, são apresentadas algumas reflexões sobre o processo educacional propriamente dito, com destaque para a explicitação de indicadores para a construção do ensinar e do aprender em Educação Ambiental.
Na segunda parte, são apresentados os conteúdos, os critérios adotados para sua seleção neste documento, e a forma como eles devem ser tratados para atingir os objetivos desejados.”

Leia o documento inteiro, em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf


Objetivos Gerais para o Ensino Fundamental

De acordo com o recorte que fizemos para este estudo, interessa-nos, aqui, os objetivos Gerais para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental. A saber:

• identificar-se como parte integrante da natureza e sentir-se afetivamente ligados a ela, percebendo os processos pessoais como elementos fundamentais para uma atuação criativa, responsável e respeitosa em relação ao meio ambiente;
• perceber, apreciar e valorizar a diversidade natural e sociocultural, adotando posturas de respeito aos diferentes aspectos e formas do patrimônio natural, étnico e cultural;
• observar e analisar fatos e situações do ponto de vista ambiental, de modo crítico, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuar de modo propositivo, para garantir um
meio ambiente saudável e a boa qualidade de vida;
• adotar posturas na escola, em casa e em sua comunidade que os levem a interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis;
• compreender que os problemas ambientais interferem na qualidade de vida das pessoas, tanto local quanto globalmente;
• conhecer e compreender, de modo integrado, as noções básicas relacionadas ao meio ambiente;
• perceber, em diversos fenômenos naturais, encadeamentos e relações de causa/efeito que condicionam a vida no espaço (geográfico) e no tempo (histórico), utilizando essa percepção
para posicionar-se criticamente diante das condições ambientais de seu meio;
• compreender a necessidade e dominar alguns procedimentos de conservação e manejo dos recursos naturais com os quais interagem, aplicando-os no dia-a-dia.


Práticas em ambiente escolar e não escolar

É cada vez mais urgente ajustar as metodologias adotadas aos pressupostos constantes dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Portanto, cito como justificativa principal para uma nova prática um dos itens apresentados como objetivo geral no documento supracitado:
“Ao final dos primeiros ciclos do Ensino Fundamental, o aluno deverá ser capaz de questionar a realidade, formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição e a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação.”
É fato que há uma série de procedimentos, citados nos PCNs já como práticas ultrapassadas na época de sua elaboração, há 13 anos, que continuam sendo aplicados como prática corrente. O estudo de novas metodologias, fundamentadas teoricamente, a experiência e a ousadia se fazem necessários para que a mudança se dê na estrutura metodológica.
Os trechos transcritos a seguir foram selecionados como instrumento de reflexão acerca de nossa prática no trabalho com o tema transversal ‘Meio Ambiente’.

“Quando foi promulgada a Lei n. 4.024/61, o cenário escolar era dominado pelo ensino tradicional, ainda que esforços de renovação estivessem em processo. Aos professores, cabia a transmissão de conhecimentos acumulados pela humanidade, por meio de aulas expositivas e, aos alunos, a absorção das informações. O conhecimento científico era tomado como neutro e não se punha em questão a verdade científica. A qualidade do curso era definida pela quantidade de conteúdos trabalhados. O principal recurso de estudo e avaliação era o questionário, ao qual os alunos deveriam responder detendo-se nas ideias apresentadas em aula ou no livro-texto escolhido pelo professor.”
Não estaríamos nós, ainda nos dias atuais, reproduzindo essa prática já tomada como obsoleta em 1961? Observe-se a data da promulgação da lei.
“É importante, no entanto, que o professor tenha claro que o ensino não se resume à apresentação de definições científicas, em geral fora do alcance da compreensão dos alunos. Definições são o ponto de chegada do processo de ensino, aquilo que se pretende que o aluno compreenda ao longo de suas investigações, da mesma forma que conceitos, procedimentos e atitudes também são aprendidos.”
A prática pedagógica viente já oferece as definições prontas no livro didático...
...estaremos partindo do ponto de chegada?

Links relacionados:

http://ipanema.notredame.org.br/noticias/historico-de-noticias/estudantes-tem-aula-com-limnologo/

http://ipanema.notredame.org.br/noticias/historico-de-noticias/viagem-ao-fundo-do-mar/

http://ipanema.notredame.org.br/noticias/historico-de-noticias/cobra-faz-visita-amigavel-ao-notre-dame/

http://ipanema.notredame.org.br/noticias/historico-de-noticias/sucesso-caminhada-ecologica-75-anos-do-colegio-notre-dame/

http://ipanema.notredame.org.br/noticias/historico-de-noticias/sucesso-caminhada-ecologica-75-anos-do-colegio-notre-dame/

http://ipanema.notredame.org.br/noticias/historico-de-noticias/sucesso-caminhada-ecologica-75-anos-do-colegio-notre-dame/

http://ipanema.notredame.org.br/noticias/historico-de-noticias/cine-pipoca-e-atracao-no-nd-ipanema/


PRESSUPOSTOS GERAIS PARA O TRABALHO DE 1º AO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL.
• Todo o material escrito produzido e utilizado como produto de estudo deve ser elaborado com a participação do aluno ou do grupo-turma, a partir de um processo de investigações planejado e realizado.
• Os objetivos principais a serem avaliados serão a aquisição de habilidades e o domínio de procedimentos, em detrimento da quantidade de conceitos “ensinados”, os quais não deixam de ter importância fundamental no decorrer dos trabalhos.
• Os temas são pretextos para que, a partir deles, se oportunizem vivências significativas que possibilitem aprendizagem não só de conceitos como principalmente de procedimentos e atitudes.


Como o trabalho se desenvolve, na prática? 

Algumas importantes diferenças se dão de acordo com a série em questão, tendo em vista as habilidades que são objetivadas para cada faixa etária. Apesar disso, os traços comuns do projeto garantem uma linha de desenvolvimento do trabalho coerente e progressiva. Aproveito o momento, então para mais uma citação dos PCNs.
“Se a intenção é que os alunos se apropriem do conhecimento científico e desenvolvam uma autonomia no pensar e no agir, é importante conceber a relação de ensino e aprendizagem como uma relação entre sujeitos, em que cada um, a seu modo e com determinado papel, está envolvido na construção de uma compreensão dos fenômenos naturais e suas transformações, na formação de atitudes e valores humanos.
Dizer que o aluno é sujeito de sua aprendizagem significa afirmar que é dele o movimento de ressignificar o mundo, isto é, de construir explicações norteadas pelo conhecimento científico. Os alunos têm idéias acerca do seu corpo, dos fenômenos naturais e dos modos de realizar transformações no meio; são modelos com uma lógica interna, carregados de símbolos da sua cultura. Convidados a expor suas idéias para explicar determinado fenômeno e a confrontá-las com outras explicações, eles podem perceber os limites de seus modelos e a necessidade de novas informações; estarão em movimento de ressignificação.
Mas esse processo não é espontâneo; é construído com a intervenção do professor. É o professor quem tem condições de orientar o caminhar do aluno, criando situações interessantes e significativas, fornecendo informações que permitam a reelaboração e a ampliação dos conhecimentos prévios, propondo articulações entre os conceitos construídos, para organizá-los em um corpo de conhecimentos sistematizados.“

Ao se empreender uma mudança estrutural, faz-se necessário estudo e orientação sistemática e continuada dos profissionais que estarão executando o trabalho com seus alunos. Traça-se aqui apenas os passos básicos, como exemplo, não sendo suficientes para que a ação metodológica se efetive. Uma prática pedagógica se constrói na relação e no processo e não a partir de um manual de instruções.
1º: Escolhido o tema básico para a ser estudado é importante que cada professor aponte para o caminho que julgar mais interessante dentro daquele tema. O interesse do professor, como sujeito orientador, é fundamental para que os projetos caminhem com entusiasmo de parte a parte.

2º: Com o tema e o título definidos, a próxima etapa é fazer com que as crianças percebam que todo cientista que quer descobrir qualquer coisa, parte de uma pergunta, um questionamento, da vontade de resolver um problema ou de satisfazer uma curiosidade. Assim, os alunos, orientados e mediados pelo professor vão elaborar os questionamentos a partir do tema e do título. Caberá ao professor a elaboração do índice de trabalho, agrupando as questões levantadas por temáticas afins.
3º: Com a lista de perguntas em mãos, o que chamaremos índice de trabalho, o qual já estará, mais ou menos, arrumado em uma ordem desejada, mas não necessariamente estática, o trabalho efetivamente se inicia. A cada pergunta vai ser eleita uma estratégia específica com o objetivo de responder àquela pergunta. Ao final das séries iniciais do Ensino Fundamental, é desejado que o grupo já tenha clareza nas escolhas de estratégias, o que não isenta o professor de oportunizar sempre novos meios para seu grupo.
4º: A cada questão respondida, o conhecimento produzido deve ser registrado. É importante que este registro seja feito de formas diferentes. Imagens, textos, histórias, quadrinhos, filmes, sites, blogs etc. são apenas alguns meios de registro. O registro pode ser um instrumento de avaliação, mas não o único e definitivo. Ele pode ser individual, feito em duplas, em grupos... e sua forma pode ser escolhida pelo próprio grupo, de acordo com o julgamento do professor.
5º: Ao término de cada projeto, é importante criar um momento de socialização dos conhecimentos construídos pelo grupo-turma. O que pode ser uma feira de Ciências, a elaboração de um jornal, uma apresentação de seminário, um teatro ou qualquer outra ideia que o professor, juntamente com seu grupo, acredite ser boa para informar, socializar, divulgar.
Observações complementares:
A habilidade de observar é foco do trabalho com esse tema transversal. Parece fácil, mas desenvolver a habilidade de realmente observar e extrair da observação as propriedades características do ser observado, os padrões a serem analisados, mantidos ou alterados, é algo que demanda um trabalho bastante específico e aprofundado. Observar é uma estratégia interessante para responder a algumas questões.
É objetivo central do trabalho, levar o aluno a estabelecer relações entre o que está sendo aprendido e as situações cotidianas sociais e culturais. Um dos recursos importantes para esta etapa é a presença, em sala de aula, de publicações científicas periódicas, que poderão ser escolhidas pelo próprio grupo, sob orientação do professor, e assinadas pela escola com destino a estas salas de aula.

Como avaliar a aprendizagem em uma perspectiva transversal? 

Cada criança terá uma pasta-fichário ou outro instrumento pré-definido pela equipe de professores, para arquivamento das folhas, dos registros pessoais e coletivos e dos materiais de pesquisa.
O professor, a cada passo do desenrolar do projeto, vai elegendo aqueles conhecimentos que devem ser socializados e elabora um registro-padrão, a partir da investigação da turma, que garanta o arquivamento do conhecimento produzido. Ainda que não se faça posteriormente a cobrança daquele conteúdo formal “decorado”, reconhecer a importância de registrar e rever o que foi registrado, a cada passo, é objetivo central do trabalho do Ensino Fundamental. É um exercício de metacognição.
Aproveito este momento para uma última citação dos PCNs.
“Coerentemente à concepção de conteúdos e aos objetivos propostos, a avaliação deve considerar o desenvolvimento das capacidades dos alunos com relação à aprendizagem de conceitos, de procedimentos e de atitudes.
Tradicionalmente, a avaliação restringe-se à verificação da aquisição de conceitos pelos alunos, mediante questionários nos quais grande parte das questões exige definições de significados. Pergunta-se: “O que é...?”. Perguntas desse tipo são bastante inadequadas a alunos dos três primeiros ciclos do ensino fundamental, pois não lhes é possível elaborar respostas com o grau de generalização requerido. A essas perguntas acabam respondendo com exemplos: “Por exemplo,...”. Diante dessa situação, as ocorrências mais freqüentes são: o professor aceita os exemplos como definição, transmitindo para o aluno a noção de que exemplificar é definir, ou considera errada a resposta, entendendo que o aluno não conseguiu aprender. Nos dois casos a intervenção do professor comprometeu a aprendizagem, pois em nenhum deles considerou que a inadequação era da pergunta e não da resposta. Outro tipo bastante freqüente de perguntas são aquelas que solicitam respostas extraídas diretamente dos livros-texto ou das lições ditadas pelo professor. O fato de os alunos responderem de acordo com o texto não significa que tenham compreendido o conceito em questão.
A avaliação da aquisição dos conteúdos pode ser efetivamente realizada ao se solicitar ao aluno que interprete situações determinadas, cujo entendimento demanda os conceitos que estão sendo aprendidos, ou seja, que interprete uma história, uma figura, um texto ou trecho de texto, um problema ou um experimento. São situações semelhantes, mas não iguais, àquelas vivenciadas anteriormente no decorrer dos estudos. São situações que também induzem a realizar comparações, estabelecer relações, proceder a determinadas formas de registro, entre outros procedimentos que desenvolveu no curso de sua aprendizagem. Desta forma, tanto a evolução conceitual quanto a aprendizagem de procedimentos e atitudes estão sendo avaliadas.
É necessário que a proposta de interpretação ocorra em suficiente número de vezes para que o professor possa detectar se os alunos já elaboraram os conceitos e procedimentos em estudo, se estão em processo de aquisição, ou se ainda expressam apenas conhecimentos prévios.
Note-se que este tipo de avaliação não constitui uma atividade desvinculada do processo de ensino e aprendizagem, sendo, antes, mais um momento desse mesmo processo.
O erro faz parte do processo de aprendizagem e pode estar expresso em registros, respostas, argumentações e formulações incompletas do aluno. O erro precisa ser tratado não como incapacidade de aprender, mas como elemento que sinaliza ao professor a compreensão efetiva do aluno, servindo, então, para reorientar a prática pedagógica e fazer com que avance na construção de seu conhecimento. O erro é um elemento que permite ao aluno entrar em contato com seu próprio processo de aprendizagem, perceber que há diferenças entre o senso comum e os conceitos científicos e é necessário saber aplicar diferentes domínios de idéias em diferentes situações.”

Não é preciso ressaltar aqui, que esse é um dos principais problemas vividos pelas instituições de ensino que se propõem a um trabalho sério. Sei que não é apenas com a leitura desse documento que os problemas se solucionarão, mas também sei que esta leitura pode ser disparadora de discussões que aprofundem o tema, trazendo à tona um processo em que não só o aluno, mas também o professor sintam-se conscientes do que estão realizando.


Considerações Finais


Ao escrever esse texto, o que estou terminando de fazer agora, vêm à tona os ideais de educação que cada um de nós tinha ao se embrenhar nas tramas do processo de educação e que, em alguns casos, perderam-se no caminho, sem que saibamos muito bem onde ou por quê.
Seria uma utopia? A construção cooperativa de projetos, a verdadeira aquisição de conhecimentos que partam de conhecimentos prévios, o reconhecimento de que os alunos são muito mais que meros repetidores de definições, a necessidade de se encantar com o aprender...
...e com o ensinar!
“Uma utopia? Talvez. Mas há que se manter aceso o sonho, para que se saiba onde se quer chegar.” (João Francisco Duarte Júnior)


Fonte (imagem): portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf

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